domingo, 24 de outubro de 2010

Brisa de Deus


Mas o Senhor estava na brisa. Ele não estava no vento (não no vento forte), não estava no terremoto, não estava no fogo. Estava na brisa, no vento suave, no silêncio que eu acho que faz a pipa voar. O Senhor estava no Vento. Com letra maiúscula, o Vento que é suave, de palavras soltas, de calmaria. O Vento de sussurro, porque muito do que já foi escrito aqui foi só um sussurro. Não passou de um sussurro, daqueles que te fazem arrepiar, e sentir um ventinho gelado, uma brisa. A voz suave e não gritada do Pai, que talvez depois de ter gritado em uma bronca, abaixou até você e olhou nos seus olhos, dizendo que não importa o que você faça, Ele ainda é seu Pai.

E eu não estou falando só de você, que leu, mas estou falando de mim, quem escreveu. Porque muito do que eu escrevi aqui foi só soprado pelo Senhor. No meu coração. Muito do que eu escrevi aqui, veio do nada, bem inesperado, porque brisa não é algo por que você espere.

Elias viu o vento forte. Viu o terremoto. Viu o fogo. Mas Deus estava no sussurro, na brisa. Deus sopra forte às vezes aqui. Ele faz as coisas tremerem e pegarem fogo. E às vezes eu venho aqui pra o Vento escrever e eu estou cansada. Estou magoada e estou querendo jogar tudo pra o alto. Elias ficou assim quando teve medo. E às vezes você vem ler com medo. Assim como eu venho escrever com medo. E Deus é tão incrível, tão maravilhoso e tão grande, tão louco, que eu escrevo e o medo passa. O cansaço diminui e a mágoa também. Eu já não tenho mais tanta vontade de jogar tudo pra o alto... Às vezes, pra mim, escrever é sair da caverna.

E eu espero que esse Vento te ajude quando você estiver numa caverna de onde precise sair.

sábado, 16 de outubro de 2010

É hora de acordar



Ninguém disse que ia ser fácil. Ou disse? Não, não disse. Porque se tivesse dito, nós saberíamos. E você está aí, com essa cara fechada o dia inteiro, chora toda vez que tudo fica um pouco silencioso, mal consegue respirar. E a cada segundo se arrepende de estar assim. Se arrepende de não conseguir. Porque você sabe que quando você é fraco, aí é que você é forte. Sabe, sabe sim. Mas não, fica aí, com esse nó na garganta só de pensar que não consegue ser forte.

Tenta. Em uma das suas mãos tem um livro, e aí tem tudo o que você precisa ler. Na outra tem um papel que você tem lido todos os dias. Você também precisa ler o que está escrito nele. Ler de verdade, e depois de ler, acreditar. E depois de acreditar, viver. Viver de verdade.

Você precisa ser real, precisa se esvaziar de você. Porque é bem isso. Você pede todos os dias pela vontade de Deus, mas esquece que precisa de lutas também. Precisa de um deserto pra ver se você é macho mesmo! Precisa apanhar pra aprender. Pra ter memorial, precisa de cicatriz. Você sabe! Você não é mais criança pra ficar chorando e perguntando o por quê. Você já aprendeu que você não precisa entender. Precisa lutar! Precisa adorar no meio da luta. Precisa ser mais forte do que a fraqueza que quer te deixar mais fraco ainda.

Você precisa acordar. Acordar e levantar, porque é isso que as pessoas fazem quando acordam, elas levantam. Acordar, levantar e ir pra guerra com as forças renovadas, porque já te disseram que você é guerreiro. Você está num lugar onde novos guerreiros são recrutados a cada dia, e se você quer mesmo continuar aí, precisa aprender a ser guerreiro. Você sabe que Deus precisa de guerreiros. Você sabe. Ama tanto a obra dEle! Precisa aprender a se fortalecer pra estar suficientemente pronto pra lutar por essa obra. Porque quem ama, luta pelo que ama. E disso você também sabe.

E, vem cá! Se você sabe mesmo de todas essas coisas, não faz por quê? Ah sim, quando se dá ouvidos àqueles que querem que você fique no chão, não dá pra levantar... Você tem um livro nas suas mãos, e nele está tudo o que você precisa ler. Está toda a Verdade. Está o seu despertador. É a essa verdade que você precisa dar ouvidos, porque quem enviou não quer você no chão. Quer você de pé, lutando.

Você quer alegria, mas não tenta se alegrar. Você quer ser cheia, mas não se esvazia de si. Quer o novo, mas não se livra do velho. Quer andar, mas não se livra do que te impede. E o que te impede é você mesmo. A sua carne, a sua vontade. Quando você aprender que não dá pra viver do seu jeito, você vai conseguir andar. E você sabe muito bem que não dá pra viver do seu jeito.

Vai, é outra chance. É outro dia. Abre os olhos, levanta da cama, se prepara e vai pra guerra. Vai.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Depois de todas as cores.



Se possível, leia enquanto ouve a música Like a Child, do Jars of Clay. Eu acabei de ouvir pela primeira vez e eu acho que talvez possa dizer muito sobre o Vento e sobre esse ano.

Deus me deu um dom. E não faz muito tempo que eu entendi de verdade, lá no meu espírito, o valor de ter um dom, e mais ainda, o valor de ter ganhado algo de Deus. Algo tão interessante como um dom. Porque é bom quando Deus nos dá algo, Deus dá a provisão financeira, uma casa, um carro, uma família, alguém pra amar, Deus dá amigos. Mas é incrível - não no sentido de ser inacreditável, mas de ser algo tremendamente maravilhoso - quando Deus nos dá algo que Ele quer que nós usemos pra Ele. E eu tenho descoberto como é maravilhoso e gratificante ler em um comentário coisas do tipo Deus falou comigo através de você. É saber que realmente o que eu estou fazendo está tendo retorno, não pra mim, porque eu não quero nada, mas pra Deus.

Porque quando eu tenho esse entendimento, de que eu pertenço verdadeiramente a Deus, eu entendo também que tudo que cai nas minhas mãos é pra Ele, e o que Ele pedir, é dEle. E Ele me deu o Vento. Eu comecei sem saber onde ia chegar, achei que ele chegaria a um ano de existência, mas hoje, vendo assim, eu não podia pensar que ia acontecer tanta coisa. Talvez eu tenha começado por um impulso. Porque eu estava inspirada pra um novo blog depois de ter passado um final de semana inteiro lendo coisas realmente inspiradoras (porque acho que esse é o intuito daquele site), e quis um blog novo. Mas foi Deus quem me deu esse Vento.

E eu pensei por muito tempo em várias coisas pra escrever aqui. Pensei em contar sobre alguns dos posts, falar que foram experiências e talvez até revelações, mas eu acho que por aqui já está bom. O Vento está fazendo um ano e nesse tempo Deus me mostrou várias coisas. Aqui dentro do Vento e na minha vida fora daqui também, e se for ver bem, existem várias ligações nisso tudo. Eu cresci bastante nesse tempo, e o suficiente pra eu entender e de fato querer que nenhuma glória seja dada a mim pelo que eu escrevo, mas sempre, todos os dias, em todas as letras e em todos os instantes, àquele que me enviou, àquele que colocou as letras nos meus dedos.

Colossenses 1: 10-17

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Entre feridas e cicatrizes.


Quando eu era pequena, sempre quis ter cicatrizes. Minhas amigas tinham porque elas eram mil vezes mais aventureiras que eu e, mesmo assim, por mais que eu machucasse meus joelhos mais constantemente do que é natural, eu não ficava com cicatrizes. Sempre achei legal essa coisa de quebrar a perna e deixar que os amigos assinassem o gesso, mas eu sempre fui uma criança quietinha demais pra que acontecesse qualquer coisa assim. O máximo que eu alcancei de um gesso ou uma cicatriz foi eu ter tentado pular do sofá pra o banquinho que nós tínhamos na sala de casa e machucado, como sempre, meu joelho.

Mas hoje eu tenho cicatrizes, e não são poucas. Não são na pele, nenhuma delas, porque eu cresci pouco aventureira, como eu já era antes. Mas são várias dentro de mim, de lutas. E eu acho que essas são mais legais que as cicatrizes que ficam na pele, porque as cicatrizes que ficam na pele, apenas ficam lá, na pele, e você se lembra de quando se machucou ao olhar pra elas. E as cicatrizes de dentro da gente talvez sejam como distintivos, que a gente olha e diz essa aí é de quando eu venci aquele gigante!.

Quando a gente cai e machuca - no meu constante caso - o joelho, dói na hora. E é um processo longo e irritante até que a ferida se feche e apareça apenas como cicatriz - no meu caso, não apareça. E a gente sabe que as lutas são assim também. A nossa dor, nossa ferida está aberta e nossos cuidados têm de ser redobrados pra não entrar sujeira nenhuma nas feridas, pra que a ferida não abra ainda mais pra que não doa ainda mais, pra não infeccionar e acabar virando uma ferida, um problema muito maior. Mas a ferida fecha, não fecha? Ela fecha depois do tempo que Deus quer, a luta acaba no tempo que Deus quer, e aí nós temos outra a marca. A marca de mais um gigante derrubado, ainda que por um tempo tenha doído.

Cicatrizes internas podem ser marcas de curas mais internas ainda. As nossas deformações são feridas e com elas nós tomamos os mesmos cuidados de não deixar entrar sujeiras, pra que não se tornem deformações ainda maiores. Nossos traumas, nossos medos, todos seguem o mesmo esquema das feridas e deformações. Todos passam pelo mesmo processo e algumas coisas, em algumas pessoas, são mais demoradas do que outras coisas, em outras pessoas, ou que as mesmas coisas. E outras coisas são mais demoradas que as anteriores, nas mesmas pessoas. Mas a certeza é que depois vai haver uma cicatriz ali e, pra essa, a gente vai poder olhar e dizer essa daí é de quando Deus me curou daquele medo!.

Cicatrizes internas, marcas de curas, são memoriais. Depois de tudo nós vamos ver, nós vamos ver que tem um monte delas, nós vamos nos lembrar de cada vitória, lembrar que não estávamos sozinhos. Olhar pra trás, ver que nós continuamos de pé, quando podíamos ter caído. Ficamos de pé e tomamos cuidado com nossas feridas, quando nós podíamos ter deixado pra trás, deixado sujar. Mas nos ficamos de pé, e essa é nossa marca. Memoriais diante do Senhor, que foi quem nos manteve de pé, quem nos curou, quem fechou nossas feridas depois do tempo que Ele quis, o tempo certo.

Depois de tudo, nós sabemos que tem muita coisa por trás de todo tempo em que doeu e sangrou. Que todo esse tempo foi pra que a nós aprendêssemos a nos cuidar, estando de pé. Foi pra que nós nos levantássemos e nos fortalecêssemos, segundo tudo aquilo que nós já sabemos. E nós já sabemos que quando aparecer uma nova ferida, uma nova luta, é assim que nós vamos vencê-la, estando de pé.